Por Patricia Jacob*

No artigo passado falamos sobre a obsessão dos dias de hoje: segurança total para as crianças, a todo o momento, todos os dias! Esquecemos que, além de isso ser impossível, é uma tentativa que gera um stress altíssimo para os pais e se torna superproteção. E superproteger não é saudável pra ninguém. Sempre digo que as duas coisas mais importantes que temos a oferecer a nossos filhotes são afeto e o ensino da autonomia.

A criança que é protegida demais cresce frágil, dependente e vulnerável, sem saber como lidar com as adversidades da vida, que sabemos serem muitas! E cresce se achando incapaz. Na cabeça deles funciona assim: “Se mamãe tem que fazer tudo por mim, é porque eu não dou conta sozinho, é porque sou incapaz“. E isso faz um mal danado à autoestima.

Agora, como já disse, evitar superproteger não significa de forma alguma deixar de proteger adequadamente. Tudo tem sua hora certa e para que essas experiências sejam positivas e tragam maturidade e autoconfiança, a criança tem que estar pronta. E ninguém melhor do que os pais para saber se eles já têm maturidade suficiente pra certas coisas. (Tendo os medos devidamente filtrados, claro! rs). Só vocês conhecem as habilidades e dificuldades de seus filhos, não adianta ficar comparando com o vizinho.

Experimentar, explorar, criar, ser independente, poder fazer escolhas, bater a cabeça e aprender, criar responsabilidade, tudo isso traz autodomínio, autoconfiança e autoestima. Percebem que essas três características começam com “auto“ e não com “feito pelos pais“? Pois então… vamos tentar?

Meu filho de 8 anos foi hoje pela primeira vez caminhando à escola com uma amiga. Uma baita aventura pra ele! Achei que estava na hora, que ele está responsável o suficiente pra isso, e a amiguinha um ano mais velha já está acostumada (e moro numa cidade tranquila). Ele se sentiu muito importante podendo acompanhá-la e chegou em casa tão contente que deu gosto de ver. Mas vou contar um segredo a vocês: tive que conter minha ansiedade e minha vontade de ir atrás ver se estava tudo bem… rsrsrs. Coisas de mãe… mas me senti tão vitoriosa quanto ele depois que dei conta! J

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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