Por Patricia Jacob*
Muitos pais vêm comentar comigo sobre os artigos que escrevo. Percebo que eles chegam realmente agradecidos por algumas dicas e por fazê-los pensar mais em como ajudar melhor os filhos, mas algumas vezes também percebo uma pontinha de sentimento de culpa nos comentários, por eles muitas vezes não conseguirem seguir à risca o que lêem.

Muitas vezes os pais entendem que o conselho dos profissionais significa que se os filhos têm algum problema, a culpa é dos pais. Não quero que ninguém se sinta culpado ao ler meus artigos! Têm-se a devida consciência de que estamos fazendo nosso melhor, então não devemos sentir-nos culpados. Isso não significa que devemos ignorar nossos erros. É claro que muitas vezes percebemos que erramos, sim, não há ser humano perfeito, quem dirá pais perfeitos… Mas temos que aprender com esses erros e não ficar nos martirizando com eles. Nunca é tarde demais para corrigirmos problemas.

Mas muitas vezes isso não é fácil: lemos sobre algo que deveríamos estar fazendo e não estamos, ou que não deveríamos fazer e fazemos… Então escutamos conselhos contrários de profissionais da mesma área. Como pais, temos que confiar na nossa própria intuição também, ao invés de tomar cada conselho lido como uma lei. Ser pai é uma arte e não uma ciência, então sempre haverá espaço para idéias contrárias. E não existem duas crianças iguais, então sempre haverá espaço para dúvidas.

Há profissionais que têm mais experiência que outros, mas nenhum mora na sua casa com seus filhos, a não ser você. No que concerne à suas crianças, você é o especialista. Ninguém mais é responsável por suas vidas ou os conhece tão bem quanto você. Então, quando ouve um conselho que não bate bem com o que você vive em sua casa, não o leve em conta. O que é certo para outras pessoas, não necessariamente é certo pra você. E você não pode tentar ser o que não é. Cada um tem um estilo próprio.

Quando ler algo que lhe oferece ajuda e você se sente confortável com o conselho, então tente. Mas lembrando-se que, apesar de ser bastante provável, não há garantias de que vai funcionar na sua situação. E se não funcionar, não necessariamente a culpa é sua. Estamos combinados?

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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