Por Patricia Jacob*
O Natal é a época do ano em que os pais mais se preocupam com a cobiça dos filhos. “Eu quero”é o que eles mais dizem, e a listinha do Papai-Noel fica cada dia mais comprida. O “ter” e o “ganhar” ficam muito enfatizados nessa época. É compreensível, pois quem não gosta de ganhar presentes? E divertidíssimo! Mas esquecemos de ensinar às crianças que o “dar” também pode ser muito gratificante. E essa é a melhor época para ensinarmos nossos filhos a compartilhar e a serem generosos.

Sabemos que as crianças se vêem como o centro do mundo e que o ato de compartilhar não é natural até a idade de 4 ou 5 anos. Elas não conseguem ver as coisas do ponto de vista dos outros até que tenham 8 anos ou mais. As crianças naturalmente querem seus desejos todos satisfeitos, e quanto antes melhor! Parece egoísmo, mas não é, pois a criança não consegue ver as coisas de outra forma. Na psicologia chamamos isso de egocentrismo. Você já viu uma criança de 3 anos entender que a mãe tem que mexer o chuchu no fogo para não queimar e que não pode parar pra brincar com ela? Como, se ela é o centro do mundo da mãe??? O chuchu pode esperar, mas a vontade dela não! Para eles não existe o “teu”, mas o “meu” é essencial… Não são nada generosos…

No entanto, só porque o egocentrismo é normal e esperado nessas fases, não significa que deve simplesmente ser ignorado pelos pais. E os pais também não devem se desesperar achando que seus filhos vão ser “ruins” assim o resto da vida… Isso passa! Mas se a generosidade não for ensinada durante essas fases, o egocentrismo e consequentemente o egoísmo e a cobiça vão se perpetuar.

Como fazer isso? A melhor maneira é sermos nós mesmos exemplos de compartilhar e doar por pura generosidade e amor ao próximo. Devemos fazer isso sempre, em todas as épocas, mas a época de Natal é ideal para enfatizarmos isso. Podemos falar do espírito de Natal e do quanto pode ser prazeroso darmos presentes. Com isso vamos ajudá-los a encontrar prazer também no “doar” e não só no receber. Podemos fazer doações para entidades e levá-los junto. Podemos ensinar-lhes e estimulá-los a fazer os próprios presentinhos para os parentes (desenhos, montagens, reciclagens, etc. Você já viu um avô preferir um presente de loja a um feito especialmente pra ele?). Ou, se os presentes vão ser comprados, que eles usem sua própria mesada e que eles mesmos os escolham (dentro do limite do bom senso e do possível, claro).

Temos que ser criativos para passarmos esses ensinamentos. Você vai ver que vale à pena!

*Patricia Jacob é psicóloga formada pela USP-SP.  

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