Por Patricia Jacob*
A maior parte das conversas com seus filhos no dia-a-dia se resume às frases “Pare com isso!“, “Faça isso“ e “Fique quieto!“? Então você está entre o grupo da maioria dos pais que passam mais tempo dando ordens e repreensões para os filhos do que comunicando palavras de afeto e carinho.
Como pais, é claro que devemos guiar nossos filhos nos comportamentos sociais e dar limites, sempre tão importantes. É necessário ensiná-los o que é aceitável e o que não é, e para isso muitas vezes temos que dar uma de “chatos“…
Mas algumas vezes nos apegamos tanto às ordens que esquecemos de dizer outras coisas também tão importantes. Nós sabemos que cuidamos e “pegamos no pé” de nossos filhos porque os amamos, mas não é isso o que eles ouvem na maioria das vezes. Então devemos fazer um esforço para comunicarmo-nos com eles de maneira que eles poderão entender: “Meus pais me amam!“. Como fazer isso? Um professor meu sempre dizia que todos os dias devemos oferecer às nossas crianças os “quatro As“:
Atenção, Aceitação, Aprovação e Afeto.
Se só notamos os erros do comportamento das crianças, as ensinamos a chamar nossa atenção pelo mau comportamento. Explicando melhor: as crianças PRECISAM de atenção e farão tudo para tê-la! A atenção de um pai bravo é melhor do que atenção nenhuma. Se a única hora que são notados é quando fazem algo errado, então eles vão continuar a se comportar mal. Qualquer comportamento que faz com que tenham atenção, seja atenção positiva ou negativa, vai ser repetido. Então porque não praticarmos, como pais, reforçar mais os bons do que os maus comportamentos?
Vamos então aprender a usá-los:
Atenção: A melhor maneira de direcionar os filhos para “bons“ comportamentos é notá-los quando estão fazendo o que queremos que eles façam – “flagre-os“ sendo bonzinhos! Para praticar essa técnica, nós temos que simplesmente descrever o comportamento que queremos que seja repetido, todas as vezes que os vemos. Ao invés de “glorificar“ a criança (“Você é um menino bom!“), devemos reconhecer o comportamento e elogiar a criança, por ex:
-Você levou seu prato para a pia. Você é um bom ajudante.
-Gosto do jeito que você cuida dos seus livros. Isso é ser responsável.
-Você resolveu esse assunto sem ter que brigar. Isso foi muito diplomático.
-Você foi tomar banho hoje sem que eu precisasse pedir. Que ótimo!
Lembrem-se: mesmo crianças difíceis são boas. Então, podemos prestar atenção aos seus bons comportamentos e reforçá-los.
Aceitação: Especialmente crianças difíceis precisam saber que os amamos o tempo todo, mesmo quando não aprovamos seu comportamento: “Eu te amo, mas não gosto do que você fez. Então faça outra coisa“. Isso é o que chamamos de “amor incondicional”. Quando a criança comete um erro, devemos ser muito cuidadosos em desaprovar o comportamento, e não a criança. NUNCA devemos dizer aos filhos: “Você é uma peste!“. Podemos condenar o comportamento, chamar a atenção e, se necessário, dar o castigo apropriado, mas sem xingar a criança.
Aprovação: Damos aprovação aos nossos filhos quando os aceitamos como indivíduos. “Gosto de você do jeito que você é.“ As crianças precisam ouvir elogios sobre sua unicidade. “Eu te amo“ não é suficiente. Eles precisam saber o quão especias os achamos e por quê.
Afeto: Palavras são ótimas, mas abraços são melhores ainda. Tocar fisicamente uma criança para mostrar afeto é o que constrói um relacionamento. Todos precisam ser abraçados e abraçar. Quando bebês, o toque é parte essencial dos cuidados básicos. Beijos, carinhos, tapinhas nas costas são simplesmente parte da rotina e não precisam de muito esforço. O abraço é um dos melhores hábitos; e ninguém nunca é velho ou grande demais para um abraço.
Tente passar mais tempo dando os “quatro As“ do que ordens. Você verá que vai valer a pena!
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.