Por Patricia Jacob*
Quem nunca sentiu vontade de “fazer picadinho“ do filho quando aquele “pestinha“ teima em fazer exatamente o contrário do que você pediu? Somos meros seres humanos. E como seres humanos, sentir raiva de seus filhos ou de suas atitudes de vez em quando não torna ninguém um “mau“ pai, como todos se sentem após suas explosões de raiva. Como qualquer sentimento, a raiva se torna um veneno dentro de nós quando não é expressa, então digo a vocês que devemos, sim, nos expressar quando estamos com raiva, mesmo que com nossos filhos. No entanto, devemos treinar nossa capacidade de pensar sobre nossas ações quando estamos raivosos. Estou falando aqui em expressar a raiva, mas ao mesmo tempo em poder controlar as ações decorrentes dela.

A raiva é um sentimento que envolve um processo de pensamento e uma reação física corporal, mas a maioria de nós “esquece“ de pensar quando está tomado por ela. E aí podemos ter reações tanto físicas quanto verbais complicadas com consequências mais complicadas ainda, tanto para a consciência dos pais, quanto para o aprendizado da criança. Não podemos esperar que uma criança de dois anos saiba controlar suas reações de raiva: isso é aprendido, e o que elas vêem do comportamento dos pais é essencial para essa aprendizagem. Se você não consegue se controlar quando está raivoso, não pode esperar que seu filho consiga.

A velha desculpa para um comportamento irresponsável “Eu estava com tanta raiva que não sabia o que estava fazendo“, normalmente vem da boca de um adulto que não aprendeu a controlar suas reações nervosas quando criança, e que continua a agir instintivamente como é esperado de uma criança de dois anos. Lembrem-se: é saudável, sim, expressar nossa raiva, mas isso tem que ser feito de forma saudável também.

Mas, vocês podem me perguntar, é possível controlar explosões de raiva? Sim. E esse será o tema do próximo artigo chamado “Expressando a raiva de modo responsável”.

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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