Por Patricia Jacob*
O medo é um dos problemas mais comuns da infância. Medo de escuro, medo de monstro, de ficar sozinho, de perder os pais, da mulher no banheiro das meninas com algodão no nariz (lembram disso?)… Quem de vocês não se lembra de uma situação ou fase em que passou muito medo na infância? As crianças sofrem à beça com isso. Mas na verdade o medo é um sentimento protetor e importante para o ser humano, inclusive para o adulto. Se não tenho medo de nada, posso facilmente me meter em encrencas, agir impulsivamente, sem os pés no chão, me colocar em situações de perigo extremo… Posso até me tornar um psicopata. Por outro lado, se tenho medos demais, me paraliso na vida, perco muitas oportunidades importantes por não me arriscar nunca, me torno uma pessoa insegura e ansiosa.

Então, pais, nada de tentar fazer de seu filho uma criança completamente destemida no intuito de ajudá-la a ser um adulto corajoso. Na verdade só vai estar prejudicando a formação de sua personalidade. E também nada de projetar todos os seus medos nela ou colocar medos propositalmente na tentativa de controlar alguns comportamentos da criançada (do tipo: “não saia na rua senão o homem do saco te pega!”). O que temos que fazer é ajudar nossos filhotes a encontrarem um equilíbrio para que na vida adulta mantenham intactos seus medos “protetores”, mas não carreguem consigo os medos “paralisantes”.

É natural e esperado que as crianças apresentem alguns medos durante a infância. E isso não é sinal algum de problema – o problema vem quando esses medos crescem ao ponto de atrapalhar de algum modo a vidinha dos pequenos. Temos que ser muito cuidadosos, pois o modo com que lidamos com os medos dos filhos, pode trazer problemas: torná-los seres extremamente frágeis e inseguros por trás de uma máscara de valentia ou transformar os medos normais em fobias (um medo muito grande e incontrolável).

Além das fobias pequenas específicas, que podem surgir em qualquer idade (medo de cachorro, de escuro, de cobra…), existem duas fases típicas de medo durante a infância. A primeira delas começa por volta dos três ou quatro aninhos. Nesta fase eles costumam ter medo de criaturas ou situações criados por suas mentes fantasiosas: bicho papão, monstros, lobo mau, lobisomem… A segunda fase pode aparecer a qualquer momento entre os 6 e 11 anos mais ou menos: aqui aparecem os medos ilógicos. Lembra daquele medo de que saísse uma mão debaixo da cama e agarrasse seu pé no meio da noite que te fazia dormir coberto mesmo com um calorão danado? Pois é, esté é o tipo típico de medo desta fase.

Nos próximos artigos (“Medo de bicho-papão” e “Medo de nãoseique”) vamos entender mais sobre essas duas fases e aprender a melhor forma de lidar com eles, ok? Um abraço!

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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