Por Patricia Jacob*
Há algum tempo estive num curso em Belo Horizonte por 4 dias e logo que voltei escrevi esse artigo. Dia desses achei no meio dos meus papéis. Fui para o curso sozinha e como é natural, quando estamos sós temos mais tempo para pensar. No meio de um devaneio de saudades de meu filho, pus-me a pensar no papel de mãe.

Vi-me num conflito interessante: estava com muitas saudades dele, de seu cheiro, de sua voz, até mesmo de suas “xaropices“ e de seus “mamãeees“. Mas ao mesmo tempo estava bem e aliviada por poder estar sozinha por esses dias e descansar… Poder dormir uma noite inteira sem interrupção, poder tomar um banho sem ter que me apressar porque meu filho está me chamando, poder ler sem ter alguém competindo minha atenção com o livro…

O primeiro dia foi ótimo e a sensação era libertadora! O segundo dia foi bom. O terceiro? Hmmmm… foi ok. O quarto dia? Que horror! Como nossas percepções podem mudar de um dia pro outro, não? No quarto dia já pensava nos “manhê, vem aqui!“ com tanta saudade…! A quietude do quarto de hotel começou a ficar chata, o banho sem interrupção já não tinha tanta graça, minha leitura voltava a ser interrompida, mas agora pelas lembranças trazidas pelas saudades…

Engraçada essa coisa do amor, não é mesmo? Engraçado como temos – felizmente- a capacidade de apagar memórias negativas e mudar nossa percepção tão rapidamente, como quando juramos que não vamos mais ter outro filho logo após um parto sofrido, e após pouco tempo lá estamos nós desejando outro pimpolho novamente… Engraçado como a presença/ausência altera a intensidade de nossos sentimentos…

Maravilhas do nosso inconsciente, maravilhas do sermos humanos afetivos…!
Que bom que somos assim! 🙂

Patricia Jacob é psicóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP-SP).

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