Por Patricia Jacob*
Hoje continuamos o tema do artigo anterior da diferença entre os sexos. Pra explicar como tais diferenças podem atrapalhar os relacionamentos, e para que os casais possam se conscientizar disso, costumo usar um exemplo de um livro sobre o tema que li há muito tempo (vou ser sincera, nem lembro mais qual!).

Ele conta assim: um homem está com um problema, ou chateado, e sua esposa vem perguntar se ele quer jantar. Ele diz “não“. O “não“ dele quer dizer exatamente “não“! A comunicação do homem é direta, clara e prática. A mulher, nessa mesma situação, também diz “não“, mas o que significa esse “não“ dela? Significa “não, mas não estou bem e quero que você insista e pergunte várias vezes, e se eu continuar a dizer não, venha, pergunte o que eu tenho e me dê a comida na boca“. A comunicação da mulher é muitas vezes indireta e cheia de simbologias. Outro exemplo dessa diferença, uma pessoa muito querida me contou que viu na TV hoje: o homem diz “acende essa luz!“, e a mulher diz “tá escuro aqui, né?“.

E os grandes conflitos aparecem quando interpretamos a fala do outro como se fossemos nós mesmos falando. Então quando a mulher ouve o “não“ do homem, acha que é o “não“ dela e começa a insistir pra ele comer, até que ele fica muito irritado, pois quer ser deixado quieto, e explode com ela. E o homem quando ouve o “não“ da mulher, acha que é o “não“ dele e vira as costas e vai comer sozinho pra deixá-la tranquila. E então a mulher se sente abandonada, o chama de insensível e fica mais chateada ainda.

Outro aspecto que sempre acaba em conflito é que o homem quando está com um problema, precisa estar quieto, ruminar o problema sozinho, e só depois de praticamente resolvido é que ele pode conseguir falar do assunto. Já a mulher, quando tem um problema, precisa falar pra se sentir aliviada. Então ela fica insistindo pra que o marido fale quando está chateado, na intenção de ajudar pois pra ela isso faz bem, mas acaba deixando-o furioso! E ele, quando ela chega falando dos problemas do trabalho, por exemplo, já quer logo achar uma solução (prático como ele é!), dar palpite, e ela fica com a sensação de que ele não está entendendo nada e acabam brigando. O que ela quer é só desabafar um pouco pra se aliviar e precisa dele somente um bom colo e um bom ouvido.

Então, pra evitarmos esse tipo de conflito desnecessário, precisamos conhecer essas diferenças e treinar um pouco mais nossa empatia, nos colocando no lugar do outro e lembrando que o funcionamento de cada um é diferente. Não é tão difícil e o saldo é sempre positivo!

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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