Por Patricia Jacob*
Dia desses, pensando num tema pra o artigo desta semana, acabei por me inspirar enquanto lia uma revista. Era uma reportagem sobre uma figura muito interessante do Rio de Janeiro que largou tudo o que tinha de material pra pregar a gentileza pelas ruas. Ele se auto-intitulava ”Profeta Gentileza” e andava pelas ruas com uma plaquinha que dizia: ”Gentileza gera Gentileza”. Este homem simples, de rosto meigo e uma expressão gostosa de se olhar, falava das mesmas coisas que grandes homens da nossa história já pregaram: a não-violência, a necessidade do ser humano aprender a resolver conflitos sem agressão, sem violência, sem ter que usar a força física ou outros meios danosos pra isso. Um exemplo foi Gandhi, que ”lutou” com a Inglaterra pela libertação da Índia, e acabou por conseguir a independência de seu povo sem um ato sequer de violência.

”Violência gera violência”. Mas você acha que não tem muito a fazer pela paz mundial? Einstein tinha uma frase que dizia: ”Pense globalmente e atue localmente”. Isto significa que posso não ter condições de interferir numa guerra ou numa situação caótica global qualquer, mas que se eu fizer minha parte no meu ambiente, vou estar indiretamente colaborando pra melhora do todo…

Então, convido-os a pensar na imensa importância de iniciarmos essa prática da paz, da não-violência, na sua relação afetiva com seus filhos e familiares. De nada adianta sermos educados e gentis com estranhos e sermos violentos, agressivos com quem está tão perto. Vocês já perceberam que tendemos a ser muito mais tolerantes com os estranhos do que com quem é próximo a nós? Se um estranho tropeça e derrama um copo de água no seu pé, por mais irritado que fique, você diz ”não foi nada, sei que foi sem querer!”.

E se fosse seu filho? Provavelmente gritaria: ”Mas é um desastrado mesmo!!! Não é nem capaz de segurar um copo direito???”. É como se a intimidade nos desse o aval para sermos agressivos e grosseiros. Mas na maioria das vezes acabamos por ser mesmo é injustos. E com quem não merece.

*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.

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